ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 23.12.1991.
Aos vinte e três dias do mês de dezembro do ano de mil noventos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira Sessão Ordinária da Décima Quinta Sessão Legislativa Extraordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nereu D'Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Cyro Martini, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 263/91 (Processo nº 3070/91); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Indicação; pelo Vereador João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 273/91 (Processo nº 3172/91). Ainda foram apregoados o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 16/91 (Processo nº 3246/91) e o Projeto de Lei do Executivo nº 72/91 (Processo nº 3247/91). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Artur Zanella lamentou a ausência, no Plenário, de Vereadores requerentes da presente convocação extraordinária, analisando os reflexos junto à opinião pública caso ocorra o encerramento da presente Sessão por falta de “quorum”. O Vereador Airto Ferronato esclareceu os motivos pelos quais tem faltado à primeira chamada das Sessões, declarando que espera a presença constante, no Plenário, dos Vereadores que assinaram o Requerimento solicitando a presente convocação extraordinária. O Vereador Edi Morelli criticou atitude tomada por alguns Vereadores da Casa, de não comparecerem às chamadas iniciais das Sessões Plenárias, o que pode acabar acarretando a inexistência de “quorum” para a realização dessas Sessões. O Vereador Vieira da Cunha falou sobre a Tomada de Preços nº 03/91, da Secretaria Municipal de Educação, dizendo que dezesseis empresas se apresentaram para essa licitação, sendo utilizado o critério do “desvio padrão” nas mesmas. Defendeu a abolição do uso desse critério, ressaltando ter sido o mesmo solicitado, a nível estadual, por Deputado da Bancada do PT. O Vereador João Dib reportou-se ao pronunciamento do Vereador Vieira da Cunha, acerca do uso do “desvio padrão” nas licitações municipais, declarando que as normas gerais de empreitada no Município alicerçam-se em lei aprovada e reformulada por esta Casa. O Vereador Lauro Hagemann comentou nota publicada pelo Jornalista José Barrionuevo, com relação ao seu posicionamento frente à eleição para a Mesa Diretora da Casa, esclarecendo sua posição quanto ao assunto e lamentando as críticas feitas pelo referido Jornalista. E o Vereador Clóvis Ilgenfritz declarou ter sido contrário à presente convocação extraordinária, salientando que os processos constantes da mesma, ainda que importantes, poderiam ser votados em março ou em convocação em janeiro próximo. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem do Vereador Luiz Braz, acerca do pedido de vistas formulado pelo Vereador João Motta com relação ao Processo 2371/91. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Clóvis Brum, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias vinte e três e vinte e quatro do corrente. Em continuidade, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente João Bosco e, informando que sua Excelência já prestou compromisso regimental nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Justiça e Redação. A seguir, face a Requerimento de Licença do Vereador Giovani Gregol, aprovado na Sessão de Instalação desta manhã, para o dia de hoje, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Heriberto Back e, informando que sua Excelência já prestou compromisso regimental nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Ainda, foram apregoados 01 Emenda do Vereador Isaac Ainhorn ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 33/91 e 01 Subemenda do Vereador Vieira da Cunha, à Emenda nº 02 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/91. Em prosseguimento, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/91, com ressalva dos destaques e Emendas a ele apostos, por vinte e três Votos SIM e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Antonio Hohlfeldt, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, Luiz Machado, Nereu D'Ávila, Vicente Dutra, Wilton Araújo, Vieira da Cunha, Adroaldo Correa, Heriberto Back, João Bosco, Décio Schauren, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda e Luiz Braz, e optado pela Abstenção o Vereador João Dib. A seguir, foi votada destacadamente, a Requerimento do Vereador Heriberto Back, deferido pelo Senhor Presidente, a expressão “centralizada”, constante da redação do parágrafo único do artigo 61 dada pelo artigo 8º do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/91, sendo aprovada por dezoito Votos SIM contra oito Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Machado, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo, Vieira da Cunha, João Bosco e Wilson Santos, votado Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Vicente Dutra, Adroaldo Correa, Heriberto Back, Décio Schauren, Ervino Besson, Luiz Braz e Mano José, e optado pela Abstenção o Vereador João Dib. Após, com relação a este Projeto, foram votadas em bloco, por solicitação do Vereador Vieira da Cunha, e aprovadas as Emendas nºs 01, 02 e 03 a ele apostas, com ressalva dos destaques solicitados. Dando prosseguimento, foram votados em destaque, a Requerimento do Vereador Adroaldo Correa, deferido pelo Senhor Presidente, os incisos “b”, “d” e “e” do parágrafo único do artigo 23 com redação proposta pelo artigo 3º, conforme a emenda nº 03, sendo aprovados por dezessete Votos SIM contra sete Votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nereu D'Ávila, Vieira da Cunha, Cyro Martini, Wilson Santos, Wilton Araújo, João Bosco e Ervino Besson, tendo votado Não os Vereadores Artur Zanella, este com Declaração de Voto, Décio Schauren, João Motta, Lauro Hagemann, Adroaldo Correa, Heriberto Back e Vicente Dutra, e tendo optado pela Abstenção os Vereadores João Dib e Antonio Hohlfeldt. A seguir, foi votado destacadamente, a Requerimento do Vereador Vieira da Cunha, deferido pelo Senhor Presidente, o parágrafo 1º e alíneas “a” e “b” da nova redação do artigo 14 da Lei Complementar nº 234/90, relativa à Emenda nº 02, por oito Votos SIM contra treze Votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Cyro Martini, Gert Schinke, Letícia Arruda, Dilamar Machado, Luiz Machado, Elói Guimarães, Artur Zanella e Jaques Machado, votado Não os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Décio Schauren, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Clóvis Ilgenfritz e Adroaldo Correa, e optado pela Abstenção os Vereadores Nereu D'Ávila e João Dib, e tendo, sido, o referido parágrafo e alíneas, encaminhados à votação pelos Vereadores Airto Ferronato e Vieira da Cunha. Ainda, com relação ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/91, foi aprovada a Subemenda nº 01 à Emenda nº 02 e foi aprovado Requerimento do Vereador Gert Schinke, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/91 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. O Projeto de Lei Complementar nº 29/91 e as Emendas a ele apostas, foram discutidos pelos Vereadores Gert Schinke, Vicente Dutra, João Dib, Adroaldo Correa, Heriberto Back e Luiz Machado. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do ex-Vereador Abio Hervé, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 33/91, discutido pelos Vereadores Leão de Medeiros e Isaac Ainhorn. Às dezessete horas e dois minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada amanhã, às nove horas e trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Wilson Santos e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Wilton Araújo. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Há
“quorum”. Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Com a palavra o Ver. Artur Zanella em Tempo de Liderança.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, principalmente bancadas maiores e principalmente Vereadores que
requereram a convocação extraordinária, manda o nosso Regimento que a abertura
se faça com o mínimo de onze Vereadores, e a chamada para a Ordem do Dia com
que seja necessário, neste Plenário, dezessete Srs. Vereadores. Então, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, como havia uma certa dúvida sobre essa questão,
se seria uma Sessão Ordinária ou não, eu pedi este Tempo de Liderança para que
nele se coloque, claramente, que nós temos uma responsabilidade muito grande
com a opinião pública desta Cidade. Que se vote o que se votar, mas temos o
compromisso de votar e, evidentemente, no momento em que for feita a chamada
nominal para a Ordem do Dia e não existirem dezessete Srs. Vereadores nesta
Casa, a Sessão estará encerrada. Creio eu que, depois de toda essa movimentação
que houve na comunidade, na Cidade, não ficaria muito adequado o encerramento
de uma Sessão, por todos esses fatores e motivos que estou colocando neste
exato momento. Inclusive, muitos dos que, com alegria e prazer, escutavam hoje,
pela manhã, prenunciando grandes debates sobre esse assunto, não tenho o prazer
de vê-los, o que me evita ouvi-los, novamente, com o prazer que sempre os ouço.
Eu gosto de ouvi-lo também, Ver. Omar Ferri, não somente em programas de rádio,
e são sempre bem-vindas suas sugestões e colocações, só que a votação é aqui,
neste local, e não nas empresas de rádio. Também lembro, principalmente aos
nossos representantes da Imprensa, que, por decisão desta Casa e da Lei
Orgânica, essas convocações extraordinárias não são remuneradas. Isso tem que
ser colocado em todos os momentos, em todos os lugares, porque efetivamente
sempre se imagina que uma convocação extraordinária termina dando um décimo
terceiro salário a Deputados, Senadores, Vereadores, etc., o que não é o caso
da Câmara Municipal de Porto Alegre, que, espontaneamente, abriu mão disso que
tem sido uma praxe em todos os Parlamentos, isto é, na convocação
extraordinária sempre havia, e há, em alguns casos, esse pagamento.
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Lideranças, quero lembrar, e já
disse na última vez em que estive nesta tribuna, que são necessários dezessete
Srs. Vereadores para a abertura de uma Sessão Extraordinária, e, até em
respeito à população e aos funcionários que aqui estão trabalhando junto
conosco, seria interessante que esses assuntos fossem debatidos e votados no
dia de hoje, deixando o dia de amanhã para que todos possam se preparar para,
com suas famílias, fazer suas festas de confraternização universal, que são o
Natal e o dia 1º do ano. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. Ver.
Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ouvi com atenção a exposição do nobre Ver. Artur Zanella e, desde a
manhã de hoje, não tenho comparecido no Plenário para responder a presença e
quero comunicar que não vou comparecer hoje, à tarde, porque acredito que
aqueles Vereadores - dezenove - que assinaram o Requerimento para a Sessão
Extraordinária de hoje têm de ter responsabilidade suficiente para estar aqui;
no mínimo, dezessete...
O Sr. Dilamar Machado: E V. Exª tem
responsabilidade?
O SR. AIRTO FERRONATO: Nós temos. Nós temos
responsabilidade, nobre Vereador. Eu já tomei a minha posição e respeito
decisões contrárias. Não respondo a presença no primeiro momento e quero
informar a V. Exª que estou aqui, na Casa. Esta é a nossa visão: não vou
responder, até porque já demonstrei que sou contra a abertura do comércio aos
domingos. Essa é a nossa posição, respeitando as posições contrárias. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB. Com a
palavra o Ver. Edi Morelli.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ocupo esta tribuna no espaço de Liderança da minha bancada porque,
quanto à colocação que fiz, fui informado pela Presidência da Casa de que não
era Questão de Ordem. Agora, então, usando o espaço de Liderança, quero que
fique registrada nos Anais desta Casa a pouca importância que certos Vereadores
dão à população de Porto Alegre. Porque política é uma coisa e politicagem é
outra. Não admito que Vereadores saiam do Plenário para não responderem às
chamadas e que fiquem na beira da porta para não dar “quorum”. Não importa quem
assinou o Requerimento. Importa é que nós somos representantes do povo, todos
nós. Os 33 Vereadores que assumam posições e votem contra, mas que não se
omitam covardemente, como têm acontecido várias vezes nesta Casa. Fica,
portanto, o meu protesto para esse tipo de politicagem que tem sido feita nesta
Casa. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. O Ver.
Vieira da Cunha está com a palavra.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu tenho em mãos a cópia de uma tomada de preços realizada pela
Secretaria Municipal de Educação, mais especificamente referente ao serviço de
prédios escolares. Trata-se da Tomada de Preços nº 03/91, que se propõe a tomar
propostas para a construção de escola municipal de 1º grau no Parque dos Maias,
situada na Av. Major Manoel José Monteiro, esquina Rua Francisco Vanzelote.
Essa tomada de preços foi aberta no final do mês de novembro e a ela se
habilitaram nada mais, nada menos do que dezesseis empresas, oferecendo
propostas que variaram de 498 milhões e 200 mil cruzeiros até 655 milhões e 300
mil cruzeiros, dezesseis empresas que se encontravam previamente habilitadas.
Ou seja: cumpriam todas as exigências do edital no que diz respeito à
capacidade, à idoneidade técnica, enfim, à qualificação de cada uma dessas
dezesseis empresas. Não é preciso ser grande conhecedor das normas gerais de
licitação pública para se concluir que a vencedora teria de ser a empresa
Braserv, eis que apresentou o menor preço: 498 milhões e 200 mil cruzeiros. Mas
não foi, Ver. Luiz Braz! A empresa que venceu essa licitação chama-se Santos
Albernaz e ofereceu o preço e venceu a licitação por 590 milhões e 800 mil
cruzeiros. Portanto, quase cem milhões a mais do que a empresa Braserv. Fiquei
curioso. Por que será que a Prefeitura está, Ver. Nereu D'Ávila, dando como
vencedora de uma licitação uma empresa que ofereceu um preço quase cem milhões
a mais do que uma outra que foi habilitada previamente e comprovou estar em
condições de construir com a mesma competência, no mesmo prazo e com a mesma
qualidade na prestação dos serviços? Fui ler o edital, e o edital da
Prefeitura, pasmem os senhores, contempla o famoso e denunciado pelo Deputado
José Fortunatti, do PT, em nível de Governo do Estado, como uma das maiores
maracutaias que estariam sendo praticadas na área estadual - o famoso desvio
padrão! O famoso desvio padrão, Ver. Dilamar Machado, é praticado aqui, na
Prefeitura de Porto Alegre, pelo serviço de prédios escolares da Secretaria
Municipal de Educação! Trago da tribuna apenas um exemplo, porque, segundo
informações que tenho, já são sete as licitações realizadas com os mesmos
critérios, e possivelmente - essa conheço e tenho a cópia aqui - as outras seis
também causaram prejuízos nesse molde, de cem milhões de cruzeiros. Está aqui a
cópia do edital da SMED, especificamente onde, no item 5.2.4., diz: “Após a
eliminação prévia das propostas, conforme itens 5.2.2. e 5.2.3., será calculado
o desvio padrão, definido pela fórmula” - e vem uma fórmula onde se leva em
conta o preço das propostas não eliminadas, o preço base, a média das propostas
não eliminadas e o número de propostas não eliminadas, mais o preço base.
Portanto, finalizo, Sr. Presidente. Está-se praticando aqui, na
Prefeitura de Porto Alegre, um critério pernicioso aos recursos públicos,
aliás, denunciado, como lembra o Ver. Dilamar Machado, pelo PT em nível
estadual, e nós queremos que a Administração Pública Municipal explique, se
puder, por que é que está aplicando um critério, aqui no Município, que
contesta em nível estadual. Para finalizar, quero observar que, em nível
estadual, o Governador Alceu Collares já revogou esse decreto que era do
Governo Amaral de Souza e que efetivamente atribuía, como critério de
julgamento das licitações do Governo do Estado, o desvio padrão. Ao que parece
está na hora de o Governo Olívio Dutra seguir o exemplo do Governador Alceu
Collares e moralizar as licitações no Município de Porto Alegre. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, pela
Liderança do PDS, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vivemos momentos muito estranhos. Vivemos momentos em que o
desconhecimento permite que se agridam aqueles que atuam com correção, permite
que se agridam aqueles que têm convicções. Qualquer moleque das ruas da Cidade
acha que pode assacar qualquer coisa contra qualquer Vereador. Não é verdade:
não pode. Mas são estranhos os momentos que vivemos. Vejam: sou um Vereador do
PDS, mas, pela responsabilidade que tenho de ter sido Prefeito e ser Vereador,
vim dizer da tribuna que o Prefeito e a sua Administração devem estar certos. É
diferente, e o Vereador que veio à tribuna deveria saber a situação da
Prefeitura Municipal, que não tem um decreto estabelecendo as normas gerais de
empreitadas, e sim uma lei aprovada nesta Câmara e já retificada na própria
Câmara, diferentemente do decreto onde o preço oficial é colocado abertamente.
A Prefeitura coloca num envelope fechado o preço oficial e, a partir daí, se
determina o desvio padrão. E a experiência tem mostrado, ao longo dos tempos,
que foi muito bom para a Cidade esse tipo de julgamento das licitações, porque
tira fora qualquer possibilidade de acerto, desde que o preço oficial seja
colocado da mesma forma que as propostas das empresas: envelope fechado, e que
só o Secretário e o seu assessor mais imediato têm conhecimento. E eu acredito
que é o que a Administração Popular tenha feito. Não morro de amores pela
Administração Popular, mas eu quero lembrar que as concorrências são feitas por
servidores municipais e que tenho o mais profundo respeito por eles, a quem
estou defendendo. Também entendo que a Administração Popular tenha sempre agido
com correção, ainda que erre muitas vezes, principalmente quando toma o dinheiro
dos servidores municipais, não mostrando as contas, porque tudo o que se faz
com clareza, dentro da lei, não há por que esconder.
Então, o Ver. Vieira da Cunha, em nome do seu partido, fez e formulou
uma denúncia, mas era bom que soubesse que o Município se alicerça não num
decreto de um Prefeito, mas, sim, numa lei que esta Casa aprovou e que
reformulou depois. Portanto, é bem diferente. A lei foi sancionada, aprovada
nesta Câmara e reformula por esta Câmara. Não basta que digam que foi o
Prefeito Socias Villela, foi o Prefeito Telmo Thompson Flores que encaminhou a
esta Casa as normas gerais de empreitada, que foram frutos de um estudo muito
grande. E há poucos dias eu vim a esta tribuna defender o PT contra o PT,
quando um Vereador acusou o Prefeito de gastar demais nas obras da Glória. Eu
dizia que não era assim que se fazia concorrência, porque, ao longo de trinta e
quatro anos na Prefeitura, eu vi muitas empresas abrirem concorrência e
ganharem pelo melhor preço, pura e simplesmente, e depois não concluírem a obra
e a obra se tornar muito mais cara.
Então, essa norma que a Prefeitura tem, se bem seguido o que determina
a lei, é de salutar interesse da comunidade porto-alegrense, porque só assim se
preserva o interesse da comunidade, o interesse da Administração de bem
realizar as suas obras. E eu digo com a tranqüilidade de quem, como Secretário
de Obras, Diretor do DMAE, Secretário de Transportes, muitas vezes licitou
dessa forma. E eu tenho a tranqüilidade de olhar para a cara de quem eu quiser.
Não tenho de baixar os olhos para ninguém. Não cometi nunca uma irregularidade
ou um erro desse tipo e acho que a Administração Popular está agindo bem.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro
Hagemann pelo PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, transcrevo verbalmente uma correspondência que estou enviando.
(Lê.)
“Porto Alegre, 23/12/91.
Prezado Barrionuevo:
Em respeito à verdade, te escrevo com a finalidade de lembrar que na
votação para a Mesa da Câmara, no ano passado, eu não fiquei em cima do muro -
como disseste na tua coluna do dia 23/12 - e, sim, reagi publicamente contra o
acordo que o PT estava fazendo com o PDS, deixando de fora uma bancada
majoritária como a do PDT. Na ocasião, me abstive de votar (contra os meus
princípios), porque coerentemente me mantive dentro do acordo da Frente Popular
no âmbito maior. Devo te dizer que persistem os mesmos parâmetros do ano
passado e não te surpreendas com alterações no quadro que se quer desenhar com tanta
nitidez...
Quanto ao ‘pragmatismo’ a que aludes na tua coluna, creio não precisar
repetir que nunca estive em busca de cargos e que esta prática não se insere
nos meus princípios.
No mais, um abraço fraterno do
Lauro Hagemann”
Eu não gostaria de vir à tribuna para ler esse tipo de mensagem, mas é
que o “Correio do Povo” de hoje publica na coluna do Barrionuevo, uma matéria
que se traduz numa inverdade, e eu não gosto, e, em homenagem aos meus colegas
jornalistas, eu sempre prezei e tenho feito, com muita insistência, chegar a
todos eles que a busca da verdade é uma coerência que deve ser mantida por
todos os jornalistas.
No caso, não me move nenhum efeito subalterno, mas apenas o de
registrar essa anomalia, porque é por isso, Srs. Vereadores, que, às vezes, a
gente se sente desiludido na atividade política, porque, além das coisas que
acontecem normalmente num Parlamento, ainda temos certos setores da Imprensa
que insistem em apregoar coisas que não são verdadeiras.
Eu respeito muito o Barrionuevo, mas acho que ele não tem o direito de
se arvorar em condutor político da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Inscreve-se o Ver. Clovis
Ilgenfritz pelo PT. Cinco minutos com S. Exª.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, pessoas que comparecem hoje à Câmara, a rigor a nossa participação
nesta tribuna seria, como fez o Ver. Ferronato, para dizer que nós não
queríamos - e aí não é o Ver. Ferronato; somos nós, do PT - discutir os projetos
que estão colocados na Pauta para esta Sessão. Esta Sessão ela é motivo de uma
autoconvocação, com dezenove assinaturas. Então, quando alguém vem aqui para a
tribuna tentar criticar a falta da presença dos outros Vereadores que não
assinaram a autoconvocação, é preciso que se esclareça também, e quero dizer
isso para a Imprensa e para os presentes, que regimentalmente, legalmente e
legitimamente nós temos o direito de participar ou não de uma sessão desse
tipo. Não somos os responsáveis pela formação de “quorum” quando uma reunião
vem em caráter extraordinário. Então, na medida em que haja “quorum”,
respeitamos e vamos participar ativamente dos trabalhos da Casa, defendendo as
nossas propostas, propondo acordos, fazendo emendas, como sempre o fizemos.
Temos consciência da importância dos assuntos que estão sendo discutidos aqui.
A questão do trabalho aos domingos, do IPTU, da separação do lixo e do outro
projeto do ITBI, do Ver. Isaac Ainhorn, são importantes e teriam, como muitos
outros projetos importantes desta Casa, de deixarem de ser votados neste ano,
como o Humaitá/Navegantes, por exemplo, como outros projetos que nós retiramos
da Pauta, como os escritórios comunitários e outros. Poderiam, seguramente, ser
votados e discutidos a partir da próxima legislatura, no seu andamento normal
ou até em Sessão Extraordinária, em janeiro, como nos propusemos a fazer, mas,
se alguém está conseguindo colocar uma posição fechada, obtusa, não somos nós.
A posição que estamos a exigir é que se pense profundamente sobre os efeitos
que esses projetos poderão causar na Cidade de Porto Alegre, no povo
trabalhador, na área dos comerciários, nas áreas que esses projetos atingem,
como o orçamento comunitário e todas as propostas aprovadas aqui, nesta Câmara,
há pouco tempo para o Governo, para a população, em função das suas
necessidades prioritárias. Queríamos dizer, então, que, a partir da existência
do “quorum”, nós estaremos presentes e fazendo o nosso pronunciamento,
colocando as nossas questões e defendendo, coerentemente, todas as propostas
que sempre defendemos nesta Casa, com respeito aos contrários e tentando
negociar não para nós, mas para Cidade. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscrições de
Lideranças.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, faço a Questão de Ordem apenas para cumprimentar a Presidência,
porque, pela primeira vez, nesta Casa, os Vereadores estão todos equiparados no
mesmo plano, todos os Vereadores estão recebendo em seus gabinetes o ar-condicionado.
Cumprimento V. Exª pela medida tomada.
O SR. PRESIDENTE: O pedido de vistas do Ver.
João Motta para aquele projeto do Prefeito Municipal tem 24 horas de prazo. O
pedido foi feito hoje, por volta do meio-dia.
Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando licença para
tratamento de saúde nos dias 23 e 24 de corrente.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Declaro empossado na Vereança o Suplente João Bosco e informo que Sua
Excelência já prestou compromisso regimental nesta legislatura, ficando
dispensado de fazê-lo. Comunico que passará a integrar a Comissão de Justiça e
Redação. A seguir, em face de Requerimento de licença do Ver. Giovani Gregol,
aprovado na Sessão de Instalação desta manhã, para o dia de hoje, declaro
empossado na Vereança o Suplente Heriberto Back e comunico que Sua Excelência
já prestou compromisso regimental nesta legislatura, ficando dispensado de
fazê-lo, e passará a integrar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente.
A Mesa apregoa Emenda do Ver. Isaac Ainhorn ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 033/91 e 01 Subemenda, do Ver. Vieira da Cunha, à
Emenda nº 02 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 029/91.
Há “quorum”. Passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. Nº 1500/91 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 029/91, de autoria do Ver. Gert Schinke, que estabelece a separação do “lixo
ordinário domiciliar” e do “lixo especial”, disciplina a coleta seletiva em
todo o Município e dá outras providências, alterando a Lei Complementar nº 234,
de 10 de outubro de 1990. (Código de Limpeza Urbana.) Com Emendas de 01 a
03.
- da Comissão Especial. Relator Ver. Luiz Machado: pela aprovação com as Emendas;
- da Comissão
Especial. Relator Ver. Luiz Machado: pela aprovação da Emenda 03.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão Para discutir, com a palavra o Ver.
Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, peço a paciência de todos, pois, como sabem, eu não disponho da
intervenção de Liderança. Então, eu não teria como dar algumas explicações,
alguns encaminhamentos sobre a importância deste Projeto. Este Projeto aqui
visa a fazer alterações no Código de Limpeza Urbana. É importante salientar que
nós nos ativemos a um enfoque de traduzir, no Código de Limpeza Urbana, uma das
grandes bandeiras do movimento ecológico, que é a separação do lixo, de todos
os tipos de lixo, e o conseqüente programa de coleta seletiva, ao mesmo tempo
em que nós, também neste Projeto, traduzimos a questão que envolveu a CPI,
recentemente havida nesta Casa, que tratou da incineração do lixo hospitalar.
Esse é um dos aspectos, também, que nós incorporamos ao Projeto, procurando
modificar o Código de Limpeza Urbana. Tratamos aqui de tirar, essencialmente, a
obrigatoriedade da incineração do lixo hospitalar, o que foi feito através de
uma emenda do Ver. Vieira da Cunha, emenda essa que sacramenta de vez essa
questão dentro do Código de Limpeza Urbana. Essa é uma questão que nós
entendemos como sendo da maior importância, uma vez que o nosso Código passa a
avançar e a consolidar um entendimento que não só o movimento ecológico tem,
mas que a Câmara, no seu conjunto, poderá agora incorporar no que diz respeito
ao regramento maior da questão do lixo na Cidade de Porto Alegre.
Por outro lado, nós sabemos de todo o programa que está sendo feito, de
coleta seletiva, pela Prefeitura. Aliás, quero lembrar aos Srs. Vereadores e
aos companheiros que hoje estão nos assistindo que, desta tribuna, muitas
vezes, me referi elogiosamente ao programa desenvolvido pela Prefeitura
Municipal nesse setor, mas sempre destacando que esse programa ainda é tímido.
Do meu ponto de vista ainda é incipiente e deveria ser muito mais fortalecido,
com mais verbas, com mais estrutura, dentro do próprio DMLU, para que a Cidade
de Porto Alegre, mais rapidamente, fizesse a coleta seletiva do seu lixo, como,
por exemplo, está sendo feito em Curitiba, que está com um plano bem mais
avançado do que o da Cidade de Porto Alegre, em que pese o projeto que está
sendo desenvolvido ser um pouco diferente deste que está sendo implantado.
Então, queremos deixar bem claro que essa questão de introduzir, no
Código de Limpeza Urbana, a conceituação do que seja o lixo seco, do que seja o
chamado lixo orgânico é um avanço que se dá no sentido de sacramentar
legalmente essa questão na nossa legislação. Por outro lado, nós também
introduzimos aqui um mecanismo de obrigação, por parte do Poder Executivo, de
fazer o programa de coleta seletiva, colocando, inclusive, prazos para isso.
Temos ciência de que dirigentes do DMLU, recentemente, procuraram alguns
Vereadores para fazer algumas observações sobre a questão dos prazos que
colocamos na nossa proposta. Acho que esses prazos não implicam maiores
problemas para a nossa Administração, haja vista que já há, por parte da
Administração, uma intenção de estender para toda a Cidade de Porto Alegre a
coleta seletiva. Semanalmente nos chegam notícias de ampliação do sistema de
coleta seletiva do lixo em novos bairros da Cidade. Vejo como extremamente
oportuno que se amarrem neste Projeto também os prazos pelos quais a Prefeitura
deve implementar o sistema de coleta seletiva no Município, porque, não estando
registrado, Ver. Vieira da Cunha - V. Exª, que já foi Secretário -, o que
acontece? Qualquer Secretário pode-se eximir da total responsabilidade no que
concerne à implantação da coleta seletiva, porque ele pode entender que não é
da sua responsabilidade fazer. Assim, se o prazo estiver em aberto, fica um
prazo “ad infinitum” (sic) a ser cumprido por alguém, sabe-se lá quem! Essa
questão entendemos como de imensa valia. Achamos que a redação, como está
colocada em nossa proposta e enriquecida pelas emendas dos Vereadores Luiz
Machado e Vieira da Cunha, poderá estabelecer um grande avanço no Código de
Limpeza Urbana.
Por hora seriam essas as explicações que gostaria de deixar
registradas, inclusive solicitando que os Vereadores se debruçassem um pouco
sobre a redação do Projeto, porque ele é um pouco complexo na medida em que
remete à mudança de artigos no Código de Limpeza Urbana. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Vicente
Dutra para discutir o PLCL nº 029/91.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, este é um dos poucos projetos que nós podemos dizer que é um lixo,
e estamos elogiando o Projeto.
O Projeto do Ver. Gert Schinke é um bom projeto. Ele talvez se adiante
no tempo, no mínimo, dez anos. Este Projeto eu previa para daqui a dez, doze ou
quinze anos a ser apresentado em Porto Alegre, porque entendo que essa questão
do lixo é uma questão que diz respeito diretamente ao comportamento das
pessoas, e o comportamento dos seres humanos não se modifica através de
legislação, de decreto ou de normas, e, sim, através de educação. Nós, quando
passamos para o Departamento, conseguimos, através da Secretaria de Educação e
Cultura e do ilustre e saudoso Secretário - saudoso não por morrer, mas por ter
deixado saudades na Secretaria -, introduzir um processo de educação através da
escola para que as crianças, desde a tenra idade, passassem a manipular o lixo,
a introjetar esse valor nas suas mentes para que, quando fossem adultas, fossem
Vereadores, fossem capitães de indústrias ou chefes de família, que todos serão,
pudessem entender um projeto dessa envergadura daqui a uns dez, quinze anos.
O Ver. Gert Schinke é um Vereador moço e, como todo moço, ele tem
pressa, e ele apresenta o Projeto antecipando-se no tempo.
Eu vou lhe dar o meu apoio ao seu projeto, como já lhe prometi, e tenho
certeza de que será aprovado, mas o meu receio é de que ele não possa ser
executado porque não existe ainda o embasamento educacional para modificar o
gestual das pessoas. Se nós não modificarmos o gestual das pessoas e colocarmos
toda a sobra dentro de um saco de lixo, de nada vai adiantar a norma, porque
não será cumprida.
Sei que a Prefeitura... Nesse ponto reconheço o esforço do Departamento
Municipal de Limpeza Urbana em implantar a coleta seletiva em Porto Alegre. É
um esforço muito grande, como nunca foi feito nesta Cidade.
Atualmente, se nós formos buscar um balanço econômico daquilo que é
gasto na coleta seletiva e naquilo que é o retorno que ela dá, vamos verificar
que a coleta seletiva é muito mais cara em relação ao que retorno que dá aquele
lixo coletado. Sem dúvida. Esse é o maior entrave que há para a coleta
seletiva. Agora, como um passo dentro do processo de educação, isso não tem
preço. Então, eu acho que a Cidade deve, sim, pagar esse preço, ainda que a
coleta seja mais cara do que aquilo que vai dar o retorno dos materiais. Deve,
sim, ser introduzida e continuada a coleta seletiva que está sendo feita em
Porto Alegre.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Vicente Dutra, essa questão da educação ela nos
passou pela mente. Tivemos muita preocupação a esse respeito, porque, como V.
Exª bem coloca, às vezes os legisladores eles devem responder as demandas
sociais. Essa avaliação acho que diz respeito a nossa atividade e faz parte de
uma avaliação de cada Vereador, de cada parlamentar. Entendo que, em parte, V.
Exª tem razão, porque também, ao fazermos legislações que são coercitivas, nós
também estamos influindo sobre a educação da população. Eu tenho bem clara essa
questão educativa, que é através da educação que nós mudamos o comportamento
das pessoas, mas, se formos apenas esperar a educação para educar os colonos
que vão para a Amazônia sobre os problemas das queimadas, para educar as
pessoas a não procederem de determinadas maneiras dentro de suas residências,
dentro de edifícios, na rua, no trânsito, se formos esperar educação para isso,
seria um caos. Então, é para isso que existem as leis, para que, em
determinados momentos, as pessoas se adeqúem a determinados comportamentos. Em parte
V. Exª tem razão, porque estamos fazendo um movimento de avançar a coisa
através de uma legislação e para a qual temos de contar com o apoio do Poder
Público, sem o que ficaremos ad infinitum (sic) esperando que a
população se eduque.
O SR. VICENTE DUTRA: V. Exª avança e queima
algumas etapas nesse processo educativo. Vou votar favorável porque acredito
que é o único caminho não só em Porto Alegre, mas em qualquer lugar deste vasto
mundo, ou desta aldeia global. A única solução para o problema do lixo é a
separação em casa, separação mais adiante não funciona. Não existe usina no
mundo que funcione bem. Essa é a verdade. Funciona para pequenas parcelas do
lixo.
Já disse da tribuna que há, na Cidade de Tóquio, com toda a tecnologia,
cinco usinas de industrialização do lixo, de separação. Entretanto, 75% do lixo
são enterrados numa ilha, lá naqueles arquipélagos próximos a Tóquio. Essa é a
verdade. Fizeram grandes barreiras de contenção do chorume para que não possa
ser jogado ao mar. Mas 75% do lixo são jogados ali, e aquelas cinco indústrias
espalhadas na planta de Tóquio são poluidoras, porque têm mau cheiro. A
população do entorno é contrária à usina. O balanço econômico não é favorável,
nem o balanço energético. Isso em Tóquio, onde sabemos que a tecnologia
japonesa é uma das mais avançadas.
Então, só temos uma solução, que está sendo proposta no Projeto: a
separação em casa, na família, pois o caminhão, ao passar, recolhe o lixo
separado. Tem de separar mais ainda: papel de um lado, plástico de outro e
vidros de outro, e a matéria orgânica continuará sendo recolhida. Já está
previsto aqui. E por que não ensinar as pessoas a aproveitar a matéria
orgânica, que é a parte mais rica do lixo? O que somos? Nós somos matéria
orgânica, somos terra. Vamos jogar à terra o que é terra.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para registrar que vou votar favorável, e
acredito que grande parte da minha bancada também, ao Projeto do Ver. Gert
Schinke, até para não deixar que o homem-serra e o homem-dínamo triturem o
Projeto do Ver. Gert Schinke (porque o Ver. Adroaldo Corrêa me olha;
certamente, ele leu a carta do Ver. Gert Schinke).
Então, solidarizo-me com o Projeto e com o Ver. Gert Schinke e digo a
V. Exª que nós, da Câmara, a maioria, vamos impedir que o homem-serra ou o
homem-dínamo triture o Projeto do Ver. Gert Schinke. Muito obrigado.
O SR. VICENTE DUTRA: Essa é uma forma inteligente
do Ver. Isaac Ainhorn jogar com a Bancada do PT, mas tenho certeza de que não
vai aceitar a provocação e vai votar maciçamente no Projeto do Ver. Gert
Schinke, que é um projeto avançado, talvez um pouco mais avançado do que
deveria ser, mas é um projeto bom e terá o meu voto. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver.
João Dib. V. Exª está com a palavra por dez minutos.
A Mesa apregoa destaque, firmado pelo Ver. Adroaldo Correa, ao Proc. nº 1500/91, que se encontra em discussão - destaque aos incisos “b”, “d” e “e” do parágrafo único do art. 23, redação proposta pelo art. 3º do presente Projeto.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em 1947, quando se instalou esta Câmara Municipal, as leis ainda
eram feitas na Assembléia Legislativa e aprovadas e sancionadas pelo Prefeito
Municipal. Depois passaram a ser feitas pela Câmara e, a partir do momento em
que a Câmara passou a fazer leis, a de nº 1 foi uma concessão de auxílio
financeiro para uma empresa de teatro ou coisa que o valha. Daí em diante, a
cada dia de votação, no mínimo uma lei foi feita. E há tanta pressa de fazer
leis, que não tem nem oportunidade de examinar o que foi feito para ver se está
certo, se tem de ser modificado ou não, porque, se o Ver. Vieira da Cunha faz
um código para tratar do problema do lixo da Cidade, imediatamente alguém tem
de modificar o código para que seu nome também fique na lei. Então, temos
tantas leis nesta Cidade, que há mais de uma por dia de trabalho nesta Casa em
quarenta e quatro anos, que, de repente, nós ficamos confusos. Eu não cheguei a
compreender bem o Código de Limpeza Urbana. O Executivo Municipal não chegou a
usá-lo na sua plenitude. E vem agora o eminente Ver. Gert Schinke colocar o seu
nome na história do lixo da Cidade. Eu até deveria fazer a mesma coisa, porque
eu trabalhei lá, quando se chamava Administração da Limpeza Pública. Olhem
quando temos faz! Quem sabe eu também faria umas alterações no Código de
Limpeza Urbana do Ver. Vieira da Cunha? Então, de repente, acontecem coisas
graciosas como esta aqui. “Código” - e se coloca uma série de regras para que o
processo de desenvolvimento da Cidade seja acompanhado de uma legislação
eficiente, específica e clara. Mas, como nós temos de colocar o nome na
legislação, pode-se fazer qualquer aberração. Por exemplo: (Lê o art. 2º.)
Eu até aceitaria esse artigo, ainda que eu pense que caberia ao
Departamento de Limpeza Urbana ajudar e, através do Ver. Vieira da Cunha,
melhorar o seu Código de Limpeza Urbana. Mas temos de colocar as nossas marcas
pessoais! Então, diz aqui: (Lê o § 1º.) Isso esquecendo que existe um
Departamento de Limpeza Urbana estruturado, capaz de dizer onde é que ele
poderia fazer da melhor maneira possível. Mas coloca-se no Código: “até o final
do ano de 1991.” Ora, hoje é o dia 23 de dezembro de 1991. O Prefeito não
sanciona isso de jeito nenhum antes do ano que vem. Mas já me diz o atilado e
nobre Vereador que há uma emenda retificativa para levar para o outro ano. Mas,
mesmo assim, eu ainda não concordo que esta Casa diga ao Executivo, ao DMLU,
quais as áreas que ele vai fazer em primeiro lugar. Mas e a capacidade de
trabalho, a estrutura, a organização para que servem? E nós vamos botar na lei?
Foi assim que cometemos o grave erro no ano passado. Mandamos proibir a
abertura das lojas aos domingos e agora estamos ouvindo desaforos de alguns
moleques porque fizemos uma lei que não deveríamos ter feito. E agora, quando
se pretendeu revogar a lei, os moleques acham que podem dizer desaforos e fazer
cartazes para Vereadores que têm convicção, que sabem o que estão fazendo,
porque não há nada pior do que uma lei mal feita para prejudicar uma boa lei.
Então, não vejo por que essa pressa, essa ganância de colocar o nome nas leis
da Cidade. Não. Precisaríamos era reduzir o número de leis e fazer com que
sejam cumpridas para que esta Cidade crescesse, e não a cada dia fazer uma e
mais uma lei apenas para registrar o nome numa lei. Se um Vereador passou tempo
estudando um projeto, que dêem toda a colaboração, porque esse Código de
Limpeza Urbana tramitou por muito tempo. Foi negada a colaboração, por certo;
agora, então, vamos colocar o nosso nome no “Código” do Ver. Vieira da Cunha. E
é contra isto que me revolto, com isto que não concordo: com fazer leis como
histórias em quadrinhos, feitas em quantidade para agradar. É que as histórias
em quadrinhos, geralmente, nos fazem rir, e excesso de leis pode nos
entristecer. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem das inscrições,
com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, refuto aqui as afirmações, ainda que indiretas, atribuídas a mim
pelo Ver. Isaac Ainhorn, em aparte ao Vereador anterior, de que teria um
cognome este Vereador que não o seu nome completo. Eu até trabalho nesta Câmara
de Vereadores em função de construir um consenso, sempre pelo melhor, em função
de algumas concepções que, às vezes, são diferentes das do Ver. João Dib, mas
que, no interesse da Cidade, entramos em acordo, ou com a Bancada do PDT ou
outras bancadas desta Câmara. Diria que me atrevi: pela primeira vez e
individualmente, faço um destaque num projeto. Gostaria da atenção do Ver.
Gert, autor do Projeto, para esses três destaques que faço em função de que
tenho uma compreensão, nesse debate, de que algumas coisas poderão ficar
imprecisas se forem tratadas assim aqui e poderão ser precisadas quando da
discussão do Código Sanitário, sobre o qual deveremos nos debruçar no ano que
vem, a Cidade de Porto Alegre. Então, na Emenda nº 03, apresentada pelo Ver.
Vieira da Cunha, que repete parte do art. 23, proposto com modificações, art.
3º, que modifica o art. 23, estamos destacando os incisos “b”, “d” e “e”,
porque os dois primeiros, “b” e “d”, dizem assim: (Procede à leitura.).
Parece-me que esses dois artigos, salvo melhor juízo, estão contemplados no inciso
“c”, que diz assim: (Procede à leitura.).
Tudo que se relaciona com saúde, objeto de ação política de governo,
tem de estar em acordo, dependendo do conceito que se tenha, com os conceitos
epidemiológicos existentes. O resto é aperfeiçoamento desse código de saúde, e
por isso me propus e estou expondo as idéias em função do que seja o debate do
código sanitário, onde verificaremos também condições, local de trabalho,
exercício profissional salubre ou insalubre, buscando retirar essas condições,
assim como destinação salubre ou insalubre de rejeito, seja doméstico,
hospitalar, fabril, porque isso se dá num nível de saúde relacionado com outra
área. Ao DMLU ficaria difícil ter ação específica para definir se a transmissão
do agente infeccioso se dá por determinado acondicionamento ou determinada
forma de destinação.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu estava analisando a redação do art. 2º. É dada
nova redação ao art. 14. No art. 14 nós temos o seguinte: “a coleta seletiva do
lixo ordinário domiciliar processar-se-á regularmente, sendo que o lixo seco e
o lixo orgânico” - aí sublinhei - “deverão ser coletados em horários e datas
diferenciadas”. Eu entendo as preocupações do Ver. Gert Schinke quando
apresenta esse tipo de proposta. Ele está preocupado em fazer com que, dada a
capacidade do DMLU hoje, se faça em dias distintos a coleta de um lixo e de
outro. Agora, a permanecer esse tipo de redação, significa dizer que, se no
futuro o DMLU tiver a possibilidade de promover a coleta de ambos os tipos de
lixo no mesmo dia, é impossível. Então, nós temos de mudar a lei no futuro para
melhorar os serviços.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Eu concordo com o raciocínio
de V. Exª para as condições objetivas de hoje. No permanente do que deve ser
uma lei, nós acreditamos que deve se dar em horários e condições diferenciadas,
em forma de acomodação no caminhão que o levará ou outra forma. Eu não estava
comentando esse tema, mas concordo com V. Exª. Gostaria de, antes de dar o
aparte ao Ver. Gert Schinke, salientar que há ainda um destaque que propõe a
retirada de parte da Emenda 3 do texto, porque a Emenda 3, suponho, é um acordo
entre a Bancada do PDT e o Ver. Gert Schinke, apresentada pelo Vieira da Cunha,
destaque que retira o inciso “e”, em função do que diz o inciso, que deve ser
obedecido o tratamento que deve ser dado a esses resíduos preferencialmente,
que não é obrigatório. Portanto, visará a seu reaproveitamento ou, em caso de
sua impossibilidade, que é uma questão subjetiva, deverá minimizar ao máximo o
impacto ambiental, o que também é uma questão subjetiva, dependendo de quem
analise o impacto. Esse inciso traz dentro de si uma contradição; trabalha
contra a sua própria aplicação; ou, então, ou se explicita melhor - eu não creio
que seja o caso desse inciso; ele deve estar no conjunto do código - como se
trata, em busca do que se vai, em busca de que princípios, de que objetivos,
como se trata a destinação final. Aqui, nesse inciso, por contraditório, cabe
propor uma alternativa ao Vereador no seu Projeto: eu proponho que seja
retirado pelo destaque que faço. O destaque se dá, portanto, Ver. Gert Schinke,
nos incisos “b”, “d” e “e”. O parágrafo único ficaria, na minha concepção,
dizendo: “as normas a serem definidas no decreto municipal deverão observar os
seguintes preceitos: a) os resíduos serão classificados de acordo com o seu
estado físico e risco potencial de transmissão de agente infeccioso” - o que já
trata da destinação e da qualidade -, e “c) obedecerá aos atuais conceitos
epidemiológicos, que trata da questão da saúde da população como um conjunto,
que deve ser levado em consideração ao propor a destinação final do lixo”.
Portanto, a destinação seletiva também.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em relação à questão colocada pelo Ver. Airto
Ferronato, queria explicar o seguinte: coincidentemente também nos preocupamos
com ela quando fizemos a redação desse artigo, porque ali altera o que está
hoje presente no código. Certo? Mas ele foi feito em função da experiência, que
não é só aqui do DMLU, mas também de outras cidades, porque a coleta
concomitante de lixo orgânico e de lixo seco ela, além de não estimular a
educação da população, cria um problema de ordem prática, porque acaba inevitavelmente
trazendo uma mistura. Se os sacos, digamos, não forem colocados de maneira
muito bem separada, essa mistura é inevitável e há, portanto, uma perda
substancial de matéria-prima. Eu gostaria que V. Exª entendesse isso à luz da
experiência prática. Foi por isso que a gente fez essa redação de que a coleta
fosse feita separadamente, como está fazendo hoje, com esse caminhãozinho que
passa com uma sinetinha avisando, e coisa e tal, que é um estágio preliminar,
que, avançando, seria feito com caminhões maiores, etc. Agora, sobre a questão
que o Ver. Adroaldo nos coloca, praticamente, no nosso Projeto, transcrevemos
aqui os critérios que fazem parte do decreto municipal da Prefeitura de
Vitória. Eu penso... E a gente até consultou pessoas ligadas à área de saúde
para ver se estava coerente essa redação aqui; não nos foram feitas essas
observações, porque nos parece que há um problema. O item “c”, que diz
“obedecerá aos atuais conceitos epidemiológicos”. Ele se refere, como o próprio
termo coloca, a conceitos epidemiológicos. Não necessariamente estarão
contemplados justamente os itens “b”, “d” e “e”, que S. Exª pretende destacar.
A razão pela qual isso consta, tanto do decreto municipal de Vitória, que nós
procuramos incorporar à nossa redação, é que ela não é supérflua essa redação.
Ela tem uma razão de existir, porque os conceitos epidemiológicos se referem a
determinadas questões e não englobam esses outros itens. Portanto, acho que S.
Exª tem razão ao dizer que isso remeteria a um código sanitário, mas eu
previno-o de que seria mais interessante se a gente mantivesse essa redação
dentro da lei.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir
inscreveu-se e cede o seu tempo ao orador que está na tribuna, se houver o
consentimento dos Vereadores Heriberto Back e Luiz Machado V. Exª tem mais dez
minutos.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Agradeço ao Ver. José Valdir
pela cedência do tempo e aos Vereadores Luiz Machado e Heriberto Back pela
oportunidade de ocupar a tribuna no tempo que me foi cedido.
Comentaria com o Ver. Gert Schinke, neste aparte que deu a mim e ao
Ver. Airto Ferronato, que a epidemiologia é uma ciência que busca, assentada em
princípios, ocupar-se da questão de saúde pública em toda uma região. Ela já
trata da transmissão do agente infeccioso. Ela é uma forma diferente da visão
curativa da doença. É uma visão maximalista - poder-se-ia dizer assim - da
questão sanitária e principalmente da saúde pública. Portanto, se ela não
incorporou os índices patogênicos, se ela não incorporou os agentes
infecciosos, ela não é epidemiologia. É algo parecido, mas não é epidemiologia.
Quando se buscam referenciar os conceitos epidemiológicos, se está dizendo
exatamente o que se disse em relação ao agente infeccioso, em relação ao
“habitat” desses agentes, à sobrevivência em condições de lixo seco, orgânico
ou outra qualquer. Portanto, no meu entender, é redundância. V. Exª pode ter se
assessorado, do ponto de vista de receber a informação, de que a redundância
prevalece e pode ser inscrita na lei, mas creio que não se trata do momento em
relação a um código. No meu proceder, creio que estaríamos jogando o Executivo,
que vai ser obrigado a cumprir, e a cidadania, que tem de compreender os
direitos para que exija do Executivo o cumprimento, numa confusão de conceitos:
ou ela puxa o código sanitário em função de um conceito epidemiológico ou ela
fica com variações em que cabem interpretações em um código de limpeza urbana
que diz que conceitos epidemiológicos não têm nada a ver com agente infeccioso
e com as condições de “habitat” desses agentes e a patogenicidade, porque estão
em itens distintos. Ou é uma coisa e é epidemiologia mesmo, ou não é isso, e,
portanto, a epidemiologia não trata de agente infeccioso e patogênico. Ao Ver.
Vieira da Cunha gostaria de lembrar - e freqüentamos a mesma Comissão Especial
que tratou dessa matéria - que, ainda que com restrições, estamos assinando,
pelo conceito que pessoalmente defendemos, a emenda que propõe o fim da
incineração. Sabemos que existe um processo, e o Ver. João Dib é um dos que diz
nesta Casa que o contrato perfeito e a coisa juridicamente acabada não poderão
sofrer prejuízo de lei que lhe seja superveniente. Isso está na Constituição.
Se o processo que lá está contratou, estamos com uma lei que impede que o
contrato se realize a pleno em função de que manda, anteriormente, incinerar.
Teremos esse problema. Sempre poderemos encontrar alguém que compre um
incinerador em algum lugar, mas esse é um problema a tratar no Executivo, na
Cidade de Porto Alegre e na Câmara de Vereadores. O que definir o MP sobre o
processo de licitação não elide, não obscurece a compra que eventualmente foi
feita e que, se for preservada, teremos um equipamento comprado com dinheiro
público, lisamente, como defendemos, a cumprir nenhuma tarefa, pelo que está apresentado
aqui pela emenda apresentada pelo Ver. Vieira da Cunha.
Creio que as observações que tínhamos foram apresentadas e, à exceção
dessa posição que estabelece o Ver. Vieira da Cunha na Emenda 3, nós teríamos
compatibilidade. E o que está apresentado no art. 23 nos dá uma perspectiva de
que as normas definidas em decreto serão compatíveis com o exigido pela
legislação; não poderá ficar fora. Ao mesmo tempo, temos exemplo na Cidade de
Porto Alegre, que tem realizado debate a partir do Código de Limpeza Urbana. O
Vereador deve ter-se comunicado com o Hospital Mãe de Deus, que tem um
tratamento do destino final do seu lixo bastante qualificado, que poderá ser
exemplo para o sistema interno de gerenciamento, que, a meu ver, é a
contribuição dessa emenda.
No caso do Plenário querer concordar com a posição da minha abordagem,
recomendaria a aprovação da Emenda 3, supressão dos incisos “b”, “d” e “e”,
pelo motivo de destaque que ofereci.
Encerraria esta intervenção, que se deu em função dos destaques, mais
do que para comentar o próprio código. Diria, ao final, ao Ver. João Dib que há
também histórias de terror em quadrinhos. O Vereador disse que geralmente são
revistas para buscar a hilaridade. Nem sempre. Geralmente são compatíveis com a
existência humana. Revistas em quadrinhos transcrevem histórias de terror
eventualmente; são bastante procuradas no mercado. Há pouco deixei de ler essas
histórias. De vez em quando, compro algumas. No meu tempo, a principal era o
Drácula, ou histórias de naves interplanetárias que traziam seres não
conhecidos à Terra e que eventualmente ganhavam, ocupavam a Terra. Hoje é outro
tipo de história de terror: da atualidade, da crise que vivemos.
Portanto, alguma revista em quadrinhos poderá trazer, nas suas páginas,
o que são onze potências no mundo inteiro, cada uma com seu arsenal atômico,
capazes de destruir a Terra como um conjunto. Obviamente não nos preocupamos
com o lixo atômico aqui, porque temos um recente tratado de não-proliferação de
armas atômicas com a Argentina, registrada na Agência Internacional de Energia
Atômica.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Primeiro, sou autor de uma lei sobre os rejeitos
radioativos, aprovada nesta Casa. Não há o menor sentido em nos preocuparmos
com isso aqui no código, embora, genericamente, esteja previsto; segundo,
sempre que possível, este Vereador procurará aperfeiçoar a legislação,
contrariando pronunciamentos feitos anteriormente nesta tribuna por outros
Vereadores.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Tenho certeza de que esse
não foi o sentido geral do que quis dizer o Ver. João Dib, mas eventualmente a
autoria para Vereador é importante, seja qual for o Vereador. A autoria da
iniciativa do Vereador ela acaba respaldando o trabalho público desse Vereador.
Não é por acaso que, eventualmente, Vereadores são conhecidos pelo nome da lei
que aprovaram. Isso é devido à importância do que aprovaram.
Eu acredito que estamos discutindo algo importante para a Cidade, e não
apenas o nome ou a iniciativa de um Vereador, com o que o próprio Ver. João Dib
concorda, eu tenho certeza.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz
Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o que se vê é o que, a cada dia, digo, na modéstia que sempre me
foi peculiar na minha vida pública: vamos aprendendo, sempre aprendendo. Vem um
Vereador e diz que o Ver. Gert Schinke é um Vereador novo e que - quem sabe? -
açodadamente está fazendo um projeto, mas é muito novo, e essa é uma lei que
ainda é muito cedo para ter sua aplicação. Vem um outro Vereador e diz que o
Vereador queria o seu nome na lei, procurando com isso ganhar “ibope” - quem
sabe? Enfim, cada Vereador discute uma tese, só que poucos vêm se aprofundando
no que traz benefícios para a nossa Cidade. E este Vereador, Ver. Gert Schinke,
nunca procrastinou processo de ninguém. Sempre procurei dar parecer quando as
coisas são boas para a nossa Cidade, e fui relator deste Projeto de Lei
Complementar e dei parecer favorável porque tem muito significado para a nossa
Cidade. Eu queria até dizer ao Ver. Dib: Deus, Ver. Dib, deixou grandes obras,
mas não assinou nenhuma. Isso aí é de Carlos Pastoris. Infelizmente, nós temos
que assinar aquelas que nós viermos a criar.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu fiz uma lei que esta Cidade repete com
muita freqüência, mas que não se chama “Lei João Dib”, e sim “Lei do Silêncio”.
Eu fui autor do Código de Posturas e jamais disse que era o “Código do João
Dib”. Então, o importante é buscar solução, e não a promoção.
O SR. LUIZ MACHADO: Eu também diria ao Ver.
Vicente Dutra que, verdadeiramente, no que tange a ser cedo ainda porque a
comunidade não está preparada para essa lei, eu queria dizer que, se o Governo
aproveitar a propaganda que tem nos meios de comunicação, se usar isso para o
bem da comunidade, divulgar os espaços de propaganda do Governo Municipal,
explicitando o que é lixo orgânico e o que é lixo seco, as comunidades da
periferia, Vereador, em no máximo em 180 dias saberão definir o que é um e o
que é outro. Basta querer, pois já existe muita propaganda do Governo da Frente
Popular.
Quero, na minha manifestação, dizer que o Código de Defesa do
Consumidor... Para simplificar: 10% das empresas do nosso País têm condições de
atender na íntegra, ou seja, 90% das indústrias não podem ainda se adaptar ao
Código de Defesa do Consumidor, porque ele é extenso, traz grandes custos às
empresas, principalmente a média e pequena empresa. Portanto, com o tempo,
todas as empresas vão se adequar. O Projeto de Lei do Ver. Gert Schinke vai
trazer grandes benefícios à nossa Cidade. Eu acho que irá levar um tempo para
que todo o Município seja atendido. Agora, chegar ao ponto de dizer que o
Vereador quer promoção pessoal?! Nós não vamos valorizar o nosso Legislativo. E
eu vinha dizendo hoje, pela manhã, ao Vereador Líder da minha Bancada nesta
Casa: “Vereador, somos um só, somos todos: não tem Vereador “a”, “b” ou “c”.
Quem sabe, com um nome de maior projeção na Cidade, maior do que qualquer
outro? Tudo bem! Quem sabe até na sua vida pública, um homem como o Ver. João
Dib, que tem um dos mais antigos mandatos nesta Cidade?” Até o respeitamos, mas
o Ver. João Dib é um homem só. Ele necessita do apoio desta Casa para que seus
projetos sejam aprovados.
Por isso, quando analisarmos um projeto de um Vereador, vamos olhar o
valor que ele traz à Cidade, e é com esse objetivo que dei parecer favorável ao
Projeto do Ver. Gert Schinke, e assim farei em todos que este Vereador for
relator. Sempre darei parecer favorável àquilo que for bom para a Cidade.
Quatro, cinco dias é o tempo que eu fico com um processo em mãos. A vida é
assim, Ver. José Valdir. Eu aprendi aqui, na Casa, diferente: me ensinaram que
tinha que ter cinqüenta dias um processo na mão, mas aprendi diferente. Tem que
ter cinqüenta, sessenta, noventa dias, e é até bom que fique cinco meses, que
vá passando de mão a mão. Mas comigo, não. É quatro ou cinco dias, quem sabe
uma semana, e está na mão para despachar para outras Comissões, enfim, para
outros darem parecer sobre emendas. E assim eu tenho feito. Espero que o
Projeto do Ver. Gert Schinke, que favorece de início os bairros nobres da nossa
Cidade, até mesmo para dar um tempo à periferia e aos bairros pobres para
conhecerem... Onde está o capital? Bom Fim, Cidade Baixa, Menino Deus,
Floresta, Independência, Moinhos de Vento - do Ver. Isaac Ainhorn -,
Auxiliadora, Santa Cecília, Rio Branco... Eu sei que a lei vai atender primeiro
esses bairros. Enquanto isso, a periferia fica conhecendo a lei, sabendo o que
é lixo orgânico e lixo seco. Eu acho que até nisso aí o Ver. Gert Schinke
acertou: primeiro os ricos e depois os pobres. Nesse caso, eu até concordo.
Primeiro os bairros mais abastados, de quem lê bastante jornal e é assinante de
revistas. Quem produz bastante lixo? São os ricos. Os pobres produzem pouco
lixo.
Sou favorável ao Projeto. Dei parecer favorável e espero que esta Casa
aprove e venhamos nós a ter uma lei que venha atender aos interesses da nossa
Cidade. Quero dizer ao Ver. Vicente Dutra que o tempo não pára, ele voa;
ligeiro vamos todos ter os cabelos brancos e essa lei não ficará velha. Ficará
nova. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem de inscrições,
com a palavra o Ver. Heriberto Back.
O SR. HERIBERTO BACK: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, na realidade me inscrevi porque fiz um destaque. Peço a especial
atenção dos Vereadores Gert Schinke e Luiz Machado, porque a palavra destacada
é “centralizado”, constante no parágrafo único do art. 8º. É o que eu
destaquei.
Acredito que, realmente, esse lixo que hoje é utilizado como ração
animal de forma empírica e, às vezes, inadequada tem de ter um tratamento, não
diria centralizado, mas adequado. Onde colocar o “centralizado”, se tivermos de
levar toda essa matéria orgânica, pastosa, a um local para aí ser trabalhado?
De repente, inviabilizamos, tornamos extremamente caro aquilo que seria um
produto barato. Então, tem de ser extremamente descentralizado, junto aos
locais onde se criam os animais. Acho que teríamos de achar uma redação mais
adequada. Agora, diria ao Ver. Vicente Dutra e ao Ver. João Dib que eu também
concordo com o Ver. João Dib que se faz muita lei e se aplica muito pouco a
lei; não sei se haveria necessidade desta lei. Agora, se eu chegar um dia a
Prefeito ou Diretor do DMLU, tomo uma medida drástica de separação do lixo
domiciliar, e bairro que não separar deixa-se lá, para feder no nariz deles,
para que se tomem medidas enérgicas, como na educação. Acho que também tem de
colocar o fedor do lixo em quem não se responsabiliza pelo seu lixo, pelo seu
esgoto. Acho que a humanidade não terá futuro senão aprender a ter
responsabilidade com o seu próprio lixo. Alguém tem de tomar medidas enérgicas,
sim. Por que só os rios têm de sofrer essa conseqüência? Os peixes, a flora, a
fauna, a terra têm de sofrer essa conseqüência? O ser humano, o grande
destruidor, o grande poluidor... Aí tem de fazer campanha de educar. Eu
deixaria lá o lixo depositado, depois faria uma boa campanha, uma boa lei.
Tomarei essa medida enérgica. Garanto que, no dia seguinte, uma semana depois,
o bairro inteiro vai estar numa assembléia para deliberar o que fazer com esse
lixo. Sou a favor de medidas absolutamente enérgicas, porque não só está se
poluindo a natureza com o lixo, com o esgoto, como também não se está
aproveitando a riqueza. Vejam o que se faz hoje só com o lixo pastoso! Hoje se
alimentam animais com restos de lixo mesmo, outros com restos de comida, e
sabem para onde vai o esterco? Para o riacho, para as lagoas. Está virado num
lixo. A administração da Cidade, a administração da humanidade em geral... Sou
partidário de uma separação maior ainda. Tudo é riqueza.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Suas palavras mostram que temos entendimentos muito
próximos, uma visão muito próxima sobre muitas coisas. Essa questão da
legislação: entendo que o excesso de legislação está, muitas vezes, mal
colocado, porque, em sua grande parte, os problemas do Brasil, os problemas que
vivemos em todos os níveis, não decorrem de um excesso de legislação, mas de
que as autoridades que devem cumprir as legislações não as cumprem, e o Poder
Judiciário não tem poderes para fazer com que as autoridades cumpram as leis.
Isso está acontecendo mais recentemente, com a abertura democrática, onde o
Judiciário está obrigando as autoridades a cumprirem a legislação vigente.
Seguindo o raciocínio da superficialidade das legislações que existem no
Brasil, chegamos à conclusão de que 90% da legislação ambiental não precisariam
existir, mas ela existe, porque assim a realidade obriga. Se não tivéssemos o
mínimo de legislação - isso que se julga ser o excesso -, não teríamos
obrigação de nada. Ou seja: as grandes empresas, o Poder Público se
desresponsabilizaria por completo, e com a questão ambiental. Então, a
legislação é a única coisa, muitas vezes, a que podemos nos agarrar para
estabelecer alguns avanços neste País. Infelizmente, essa é a realidade, Ver.
Heriberto, e parto desta premissa: se posso melhorar uma legislação, avançar um
pouco para que depois a gente possa usar isso para obrigar o Poder Público a
fazer uma coisa que avance a realidade, então essa legislação é benéfica, ela
vem para melhorar.
O SR. HERIBERTO BACK: Mesmo assim, ainda concordo de
que haveria apenas a necessidade de uma grande lei, que é a lei de viver e
deixar viver. Eu pensei que essa era uma frase do professor do meu pai. O meu
sempre dizia isso e já morreu, com mais de 80 anos, e fui ver que há uma poesia
do Mário Quintana que diz: “todas as leis poderiam ser resumidas numa só: saber
viver e deixar os outros viverem.” Agora, o ser humano não está sabendo deixar
a natureza viver e vai acabar destruindo seu próprio ninho, seu próprio
“habitat”. Então, lidar com o lixo, separar o lixo, fazer voltar à terra o que
é da terra, como V. Exª disse há pouco aqui, então nós temos de criar essa
mentalidade nem que seja meio na porrada. Aí são mais medidas administrativas
mesmo; não é tanto de lei. É a lei do bom senso, a lei de viver e deixar viver.
Que direito tem o ser humano de jogar o lixo em qualquer lugar, jogar o esgoto
em qualquer lugar, prejudicando tudo, prejudicando a sua própria sobrevivência?
Eu acredito que, acima de tudo isso e por isso, essa lei é importante e espero
que os Prefeitos que assumirem - Prefeito Dib, Prefeito Vieira -, quando
assumirem a Prefeitura - o Prefeito Valdir Fraga também... E o do meu partido
também dê um jeito de colocar isso claramente no programa, porque senão também
não voto nele.
(Aparte
anti-regimental.)
O SR. HERIBERTO BACK: É de domínio público, Ver. Zanella. Isso é provocação. Espero que o Prefeito do seu partido também faça isso, porque é uma questão de sobrevivência da lei única que seria necessária: viver e deixar viver. Jogar o que é inorgânico, como o plástico, para dentro da terra, que leva seiscentos anos para se decompor, isso é uma barbaridade. Quem não for capaz de ser responsável pelo seu lixo, reutilizar aquilo que a natureza lhe concede, não merece viver. Nisto eu concordo com o Ver. João Dib, de que não precisaria lei para isso aí.
Concedo o aparte ao Ver. Vicente Dutra.
O Sr. Vicente Dutra: Ver. Heriberto Back, se V.
Exª concorrer a Prefeito com essa plataforma, pode contar com o meu voto. A
verdade está no meio. Educação acelerada? Claro que uma ação do Prefeito pode
acelerar esse processo educacional e também uma norma forte, como a norma que o
Ver. Gert Schinke está propondo. Então, faria o seguinte: no primeiro dia de
mandato, já baixaria a norma dizendo que, daqui a dois anos, só vai se aceitar
o lixo “assim, assim”, e trabalharia muito em cima para que, educando, quando
chegar aquele dia “d”, a população esteja sabendo. Aí, sim, a gente pode fazer
o que V. Exª está propondo, mas lá no segundo ano - bater pau em cima da população
que não cumprir, porque foi bem avisada, foi educada, e quem não cumprir não
vai poder negar que não tem conhecimento pleno da matéria, que a norma existe e
que vai ter serviço daqui a dois anos, e da educação que está sendo preparada
pelas empresas, pelas escolas e assim por diante. Mas, realmente, é um problema
muito sério, e temos de educar, fazer as crianças aprenderem a mexer com o
lixo, a colocar a mão no lixo - e por que não? Coisa bonita chegar numa escola
e ter uma horta escolar feita com o lixo da própria escola; depois vai levar
para casa o produto, comer aquilo na merenda escolar.
O SR. HERIBERTO BACK: Apenas para concluir, Sr.
Presidente, eu diria que a plataforma de um Prefeito é de dois pontos apenas:
primeiro, aproveitar o lixo como riqueza para alimentar o nosso povo que está
passando fome; segundo, descentralizar a Prefeitura, fazer a Prefeitura de
barco. Os nossos serviços continuam mal, apesar das obras irem bem. Esses dois
pontos são suficientes e revolucionam a Cidade sem muitos grandes projetos.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem de inscrições,
Ver. João Motta. Retira a inscrição.
Nós queremos registrar, com muito prazer, a presença do ex-Vereador
Abio Hervé em nossas galerias e convidá-lo, inclusive, a ocupar a Mesa dos
trabalhos.
Srs. Vereadores, não temos mais inscrições para a discussão. Nós vamos
colocar o Projeto em votação. Portanto, está encerrada a discussão.
Passamos ao período de votação. As Bancadas que quiserem encaminhar o
Projeto poderão fazê-lo a partir desse momento. Não há encaminhamentos.
Encerrado o período de encaminhamento. Nós vamos colocar o Projeto em votação.
Em votação o PLCL nº 029/91. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe
os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 23 Srs. Vereadores votaram SIM
e 01 Sr. Vereador optou pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLCL nº 029/91, com
ressalva dos destaques e Emendas a ele a apostos.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato,
Artur Zanella, Antonio Hohlfeldt, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, Luiz Machado,
Nereu D'Ávila, Vicente Dutra, Wilton Araújo, Vieira da Cunha, Adroaldo Correa,
Heriberto Back, João Bosco, Décio Schauren, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros,
Letícia Arruda e Luiz Braz. ABSTEVE-SE
de votar o Vereador João Dib.)
O SR. HERIBERTO BACK: Para um Requerimento, Sr.
Presidente. Requeiro que a expressão “centralizado”, constante da redação do
parágrafo único do art. 61, dada pelo art. 8º do PLCL nº 029/91, seja votada em
destaque.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere sua
solicitação.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe
os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 18 Srs. Vereadores votaram SIM,
08 Srs. Vereadores votaram NÃO e 01 Sr. Vereador optou pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO. Retirada, portanto, a
supracitada expressão.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Machado, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo, Vieira da Cunha, João Bosco e Wilson Santos. Votaram NÃO os Vereadores: Antonio Hohlfeldt, Vicente Dutra, Adroaldo Correa, Heriberto Back, Décio Schauren, Ervino Besson, Luiz Braz e Mano José. ABSTEVE-SE de votar o Vereador João Dib.)
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Solicito votação em bloco
para as Emendas nºs 01, 02 e 03 apostas ao PLCL nº 029/91.
O SR. PRESIDENTE: Em votação as Emendas.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS, com ressalva dos destaques
solicitados.
A Mesa defere Requerimento do Ver. Adroaldo Corrêa, que solicita
destaque para a votação dos incisos “b”, “d” e “e” do parágrafo único do art.
23 com redação proposta pelo art. 3º, conforme a Emenda nº 03.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe
os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 17 Srs. Vereadores votaram SIM,
07 Srs. Vereadores votaram NÃo e 02 Srs. Vereadores optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o destaque. Mantida a
redação original.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato,
Dilamar Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado,
Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nereu D'Ávila,
Vieira da Cunha, Cyro Martini, Wilson Santos, Wilton Araújo, João Bosco e
Ervino Besson. Votaram NÃO os
Vereadores Artur Zanella, este com Declaração de Voto, Décio Schauren, João
Motta, Lauro Hagemann, Adroaldo Correa, Heriberto Back e Vicente Dutra. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores João Dib e Antonio Hohlfeldt.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Sr.
Secretário proceda à leitura da Declaração de Voto do Ver. Artur Zanella.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declaração de Voto
Em contato com o Engº Eudes Míssio, o mesmo convenceu-me que a
incineração de restos hospitalares ainda é uma necessidade.
Sou, assim, a favor da existência de incineradores de lixo hospitalar
diferentes, é claro, dos que estavam sendo implantados pelo DMLU.
(a)
Artur
Zanella.”
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Para um Requerimento, Sr.
Presidente. Requeiro que o § 1º e alíneas “a” e “b” da nova redação do art. 14
da Lei Complementar nº 234/90, relativa à Emenda nº 02 aposta ao PLCL nº
029/91, sejam votados em destaque.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere sua
solicitação.
Em votação. Encaminha o Ver. Airto Ferronato pelo PMDB.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou encaminhar para dizer o seguinte: na verdade, é necessária, na
minha visão, a reintrodução do parágrafo 1º e alíneas “a” e “b” que consta na
Emenda 2, senão vamos aprovar o Projeto mantendo a redação que diz o parágrafo
1º.
Temos de reintroduzir, colocar no “caput” do art. 14 o prazo
estabelecido pelo Ver. Luiz Machado. Caso contrário, estaremos aprovando uma
proposta equivocada em termos de... (aparte anti-regimental). Se não fizermos
esse tipo de aprovação, estaremos mantendo os parágrafos 1º e 2º do art. 14. É
a minha visão. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Encaminha o Ver. Vieira da
Cunha, como autor do Requerimento.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, não pretendia fazer o encaminhamento, mas o Ver. Ferronato me
obrigou. Vereador, se V. Exª me desse a honra de sua atenção, na verdade, se
nós aprovarmos o destaque, não estaremos reinserindo texto original, de maneira
alguma, porque a Emenda já foi aprovada. O texto original não existe mais. O
que existe agora, com a aprovação da Emenda, é a redação proposta na própria
Emenda. Por isso é que este Vereador fez o destaque à parte da redação proposta
à Emenda. Portanto, se nós retirarmos, como quer o destaque, esse parágrafo e
as alíneas, esse destaque não retorna ao texto original, porque ele não existe
mais. A aprovação da Emenda retirou do processo de votação aquele texto
original do processo. Então, a conseqüência da aprovação desse destaque, se
houver, pelo Plenário, será, simplesmente, a retirada do parágrafo e suas
alíneas. Eu fiz o destaque - reconheço que é polêmico - apenas porque entendo
que não podemos dizer quando o Município deverá implantar a coleta seletiva,
porque isso se dará de acordo com as possibilidades do órgão e as próprias
necessidades da Cidade. O meu objetivo foi de retirar prazos que o Ver. Gert
queria estabelecer, tanto no Projeto, como agora, nesta Emenda do Ver. Luiz
Machado, onde também permanecem a obrigatoriedade e a implantação da coleta
seletiva segundo determinados prazos.
Para encerrar, o destaque visa a retirar essa obrigatoriedade de
implantação da coleta em determinados prazos segundo o Projeto original e,
agora, segundo a Emenda. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Não há mais encaminhamentos.
Faremos votação nominal.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe
os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 08 Srs. Vereadores votaram SIM, 13 Srs. Vereadores votaram NÃO e 02 Srs. Vereadores optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO.
(Votaram SIM os Vereadores Cyro Martini, Gert
Schinke, Letícia Arruda, Dilamar Machado, Luiz Machado, Elói Guimarães, Artur
Zanella e Jaques Machado. Votaram NÃO
os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Décio Schauren, Ervino
Besson, Isaac Ainhorn, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Vicente
Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Clóvis Ilgenfritz e Adroaldo Correa. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores
Nereu D'Ávila e João Dib.)
O SR. PRESIDENTE: Ainda, para ser votada, a
Subemenda nº 01 à Emenda nº 02 aposta ao PLCL nº 029/91.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento de autoria do Ver. Gert Schinke, solicitando seja o PLCL
nº 029/91 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. Nº 2052/91 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 033/91, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que altera o art. 9º da Lei
Complementar nº 7, de 07 de dezembro de 1973, e dá outras providências. (IPTU).
Com Substitutivo 01, com Emenda ao Substitutivo.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Vicente Dutra: pela
aprovação do Substitutivo 01;
- da CFO. Relator Ver. Dilamar Machado: pela
rejeição do Projeto e do Substitutivo 01.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Para
discutir, tem a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nem tudo está perdido. A população tem, neste Projeto do Ver. Leão
de Medeiros, a sua última esperança de evitar aquilo que eu denomino de
“arrocho tributário” por parte da administração petista.
O Projeto do Ver. Leão de Medeiros se constitui num verdadeiro presente
de Natal à população da Cidade de Porto Alegre, que já não agüenta mais os
escorchantes aumentos tributários. Digo mais: a população ainda não reagiu
porque ainda não recebeu os carnês, mas agora ela terá uma razão para se reunir
aqui, em janeiro, e mobilizar a Cidade. E já estou me referindo ao veto do Sr.
Prefeito Municipal. E já estou dizendo veto - Verª Letícia Arruda - alegre,
assim como o nome de V. Exª diz “alegria”! Tenho a certeza de que faremos,
neste Projeto, vinte votos, porque é lei complementar e precisa um mínimo de
dezessete votos. A partir disso, evidentemente, o processo do IPTU fica
sustado, toda aquela política que o PT conseguiu ver vitoriosa, e hoje a Casa
do Povo, os seus representantes legítimos compreenderam o que pode significar o
IPTU para a população e estão dispostos a rever a sua posição e aprovar o
Projeto do Ver. Leão de Medeiros. Apresentei uma emenda para que não haja
dúvidas quanto à aplicação da lei, Ver. Dib. Dou nova redação ao art. 2º, digo
que essa lei entrará em vigor na data da sua publicação, surtindo seus efeitos
em relação ao IPTU a ser lançado para o ano de 1992, para não deixar dúvida de
que o IPTU de 1992 terá como limite a inflação! Tenho a certeza de que esse
assunto será avaliado de forma madura, hoje ou amanhã, e teremos os votos
necessários. Tenho a certeza de que a Bancada do PDS, ao lado da Bancada do PDT
e mais as bancadas menores - como o PFL, a que pertence o Ver. Zanella, o PL,
do Ver. Wilson Santos, o PTB, o PMDB - darão os votos necessários. Agora,
queremos todos os votos do PDS para manter a coerência em relação ao Projeto do
Ver. Leão de Medeiros. Às vezes preocupa. Por essa razão estou fazendo, da
tribuna, essa afirmativa, e o Líder da Bancada do PDS já compreendeu a minha
colocação. Acho que o Projeto do Ver. Leão de Medeiros merece admiração pela
sua luta, a qual desenvolveu de forma continuada. Perdeu uma, perdeu a segunda,
mas não se entregou. Veio para o terceiro embate. Incluirmos na Extraordinária
já foi uma vitória, Ver. Leão de Medeiros.
Agora, nós queremos que o preço do metro quadrado dos terrenos de cada
tipo de construção, bem como a definição desses, seja fixado por autorização
legislativa, e depois V. Exª melhora no Substitutivo. “Somente em decorrência
de lei específica, as alterações de preço e definição do tipo de construção,
previstos no “caput”, poderão determinar crescimento nominal do imposto entre
dois exercícios subseqüentes em coeficiente superior à inflação do período
segundo a variação da URM.” E V. Exª emenda bem, incluindo, também, as
definições das construções e dos terrenos.
Eu acho que essa é uma posição de revisão crítica da população.
Aprovado este Projeto, nós teremos o veto do Sr. Prefeito e nós vamos nos reunir
em autoconvocação extraordinária para apreciar o veto do Prefeito, que tem
prazo legal para remeter aqui para a Casa, e, aprovado amanhã, nós reuniremos a
Comissão de Justiça e amanhã mesmo estaremos remetendo o Projeto aprovado para
o Sr. Prefeito Municipal para não haver perda de tempo, Ver. Elói Guimarães,
porque a população precisa saber o que fazer com o seu IPTU. É, Ver. José
Valdir; é, Ver. Adroaldo Corrêa, que me olham com olhos críticos! É essa a
realidade. Eu me sinto satisfeito. Não é um projeto meu, mas é um projeto pelo
qual eu, pessoalmente, venho lutando há muito tempo. É uma luta de que também
participo, e hoje nós temos o apoio da nossa Bancada, graças a Deus.
Conseguimos discutir, conseguimos amadurecer a questão, Ver. José Valdir, e V.
Exª está sabendo do caminho. Nós vamos nos autoconvocar. Talvez V. Exª não
venha em janeiro aqui, esteja na praia, e não vai querer atender à
autoconvocação para derrubar o veto do Prefeito. Então, V. Exª sabe, este
Projeto vai ser aprovado e nós vamos revisar a política de governo de V. Exª,
de arrocho fiscal realizada pela Administração Dutra/Tarso Fernando.
Nós vamos deixar persistir isso aqui. E mais: de forma clara,
cristalina, transparente, para que não tenha dúvidas, este Vereador apresentou
uma emenda: “esta lei entrará em vigor na data da sua publicação, surtindo seus
efeitos em relação ao IPTU a ser lançado no exercício de 1992”.
Veja, Vereador, como vale a persistência de uma luta! No terceiro exame
da matéria, a Bancada do PDT vai dar os votos necessários para aprovarmos a Lei
Complementar. Sei que o Prefeito vai vetar, mas vamos fazer a maior mobilização
nesta Casa com as vítimas do IPTU, que são os munícipes da Cidade, e vamos
derrubar o veto do Sr. Prefeito. E vão ter de refazer os carnês.
Há outra alternativa, Secretário Verle: como manda a política da boa
prudência, aguardar a decisão sobre o veto para então emitir os carnês. Porque
de uma coisa estejam certos: não vai ser como o projeto da abertura do comércio
aos domingos. Ele não vai procrastinar a remessa do veto aqui para a Casa. Esse
ele vai mandar ligeirinho. Não vai fazer como o do domingo, que empurrou com a
barriga até quando deu. O Ver. João Motta aprendeu bem com a lição. Mas assumam
isso que estão fazendo! Porque, quando vierem os projetos do Executivo, se
alguém pedir vistas, não vão dizer que se estão usando expedientes
não-regimentais para inviabilizar o Prefeito Olívio Dutra.
Não me venha com essa afirmativa. V. Exª, que tem sido nesta Casa um
dos arautos da vanguarda do atraso, vai ter de, necessariamente, meu nobre
Vereador - pessoalmente, eu muito lhe estimo -, vai ter de engolir essa. Não
vai perder aqui para esta vanguarda do atraso, da chamada linha albanesa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Leão de Medeiros.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, penso que nesta Casa ninguém desconhece que tenho mantido uma forte
posição crítica em desconformidade com a política adotada pelo Executivo para a
cobrança do IPTU. Tenho centrado minha palavra contra ausência de critérios
técnicos confiáveis num dos componentes básicos da fixação do IPTU, que é a sua
base de cálculo.
Essa postura crítica não é de hoje. No passado, quando da minirreforma tributária proposta pelo Executivo e acolhida pela Casa, no que se referia à diminuição dos valores das alíquotas proposta pelo Executivo, alertava que jamais esta Casa, no futuro, iria enfrentar o núcleo do problema, porque o Executivo, se quisesse aumentar os valores do IPTU, não mais pediria autorização legislativa para aumentar o IPTU, porque ele mesmo estava propondo a diminuição das alíquotas. Mas, todavia, ficava indefinidamente com a chave do cofre do IPTU, bastando, por decreto, aumentar a base de cálculo, que é a fixação do valor do metro quadrado do terreno ou da construção. Assim foi e até hoje está sendo assim. Ou seja, desde aquela data, com as periódicas queixas anuais da comunidade porto-alegrense, ao Legislativo somente cabe o papel secundário em todo esse processo, abdicando de um direito inalienável, cujas conseqüências são perdas irremediáveis ao bolso do contribuinte. Isso tudo em pleno período recessivo e sem reposição salarial justa aquém dos índices inflacionários. Assim foi o IPTU de 1990, agravado em 1991, e que ensejou a nossa autoconvocação em janeiro de 1991 e que, se prevê, venha a acontecer em 1992 igualmente.
Tanto em 1990, mas especialmente em 1991, chamado a recompor a ganância
do Executivo, o Legislativo atuou decisivamente para colocar pequenos freios à
violência tributária. Minoramos o peso do tributo em muitos casos, graças à
criatividade dos Srs. Vereadores. Foram colocados parcelamentos e limitadores
para alguns segmentos: inquilinos, mutuários, aposentados e contribuintes de baixa
renda. Já este ano aumentou-se o elenco dos isentos. Mas tudo isso gera
injustos casuísmos, sem ser enfrentado o núcleo da questão: o reajuste
excessivo e descontrolado do IPTU na sua base de cálculo, amparado em um
simples decreto anual, com a suposta alegação de que a Lei nº 7/73,
indiretamente, dá este poder ao Executivo. A verdade é que, apesar dos
esforços, dos analgésicos concedidos pela Câmara, perduram as razões para as
queixas contra a cobrança excessiva do IPTU, aumentando a legião dos inconformados.
Este ano, segundo dados oficiais, dos mais de quatrocentos mil contribuintes,
20% não honraram seus compromissos fiscais! São mais de oitenta mil
inadimplentes...”.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, encerro aqui, porque de Plenário
esvaziado... O tema é importante e, se houver oportunidade quando da discussão
do Projeto, amanhã, retomarei o assunto que hoje ficou pela metade. Só espero
que o Ver. João Dib não fique chateado de eu não ter dado o aparte solicitado.
O Sr. João Dib: Nobre Ver. Leão de Medeiros,
as forças do mal contra a população - ou seja, PDT e PT - já se uniram e nos
deixaram sós. Acho que vamos ter de continuar amanhã. Obrigado.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Muito obrigado, Ver. João
Dib. Retornaremos ao tema amanhã. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato): Visivelmente,
não há mais “quorum”. Há nove Srs. Vereadores em Plenário.
(Levanta-se a Sessão às 17h02min.)
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